segunda-feira, 11 de abril de 2011

Pensamento sequencial


Entre passos, passadas, passinhos de dança, entre a música contagiante, entre os palreios da letra, entra no momento exacto a brisa, num cenário cinematográfico fiquei eu a pensar na vida, a pensar o porquê de tudo, o porquê de nada, o porquê de decisões, o porquê de incertezas, comecei a pensar e a tentar obter respostas, fiquei com o olhar inundado, o saco lacrimal queria despachar o que o enchia, de repente sem aviso prévio sinto uma vibração directa do meu bolso, tiro o telemóvel, leio a mensagem recebida e choro, choro por não conseguir mais aguentar o pensamento que esta dor me trazia, rastejei o meu corpo, divagando algumas das mais célebres profecias sentei-me no frio, enferrujado, decadente ferro fundido da ponte, sentei-me, tirei as chinelas e coloquei as pernas para fora do gradeamento, agarrei-me àqueles ferros na horizontal pintados de branco, combinando com a areia gélida colocada no chão, e gritei, gritei, gritei e gritei até que percebi que ninguém me ouvia, ninguém me viera salvar da depressão enrolada em mim, ninguém viria sequer perguntar o que se passara para aquele meu estado, senti a frieza das pessoas que passavam ao olhar para mim como quem menospreza, como quem diz que não sirvo para nada, consegui erguer-me agarrado ás paredes de ferro, ergui-me e avancei, passo a passo, consegui chegar ao fim do que parecia uma caminhada infindável, ao fim de uma dezena de passos olhei para trás e vi as mesmas pessoas, as mesmas faces a pedir socorro com o olhar, continuei o meu caminho sem sequer estender uma mão de apoio, continuei e encontrei belezas que não vira, jamais sentiria que aquilo poderia estar ali, consegui precentir que tudo era perfeito no momento em que me baixei ao nível dos olhos das flores e em que aquele aroma me entrou nas narinas, senti que tudo aquilo não devia acabar então sentei-me no chão, quase me deitei a olhar o céu, ali na sombra e o sol ali tão longe, a maior estrela do Universo não me conseguia alcançar, pensei onde estaria o calor abraçador que fora prometido, perguntei onde estaria todo o suor que me fora destinado, levantei-me e sem mais nem menos segui o meu caminho, de novo uma vibração na qual me concentrei conseguindo ser quase atropelado, fugi daquele local que me queria tanto mal, a sete pés, cheguei a casa e sentei-me no chão ouvindo a música que no mesmo dia me trouxera duas vezes o mar ao olhar, levantei-me e estendi o pé e aí começou a criação de mais uma sequência de movimentos a que costumo chamar de dança, senti cada queda, pirueta, passo ou movimento no meu coração, o suor finalmente chegou até mim e escorreu pela minha face, deitei-me no chão na posição de pernas partidas e suspirei um sim, um sim de agrado por ter feito o que fiz (...)
Cristiano!

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Espécie de sentimento descoberto


Aparição quase santa de algo pela qual já mendigava à cerca de meses, foi o teu aparecimento. Houve a sensação de sonhar, a sensação de olhar nos teus olhos e esfregar os meus, houve a minimalista realidade de um toque, olhares trocados, silêncios compatíveis, alturas medidas, foi o estar lado a lado como sempre houve o sonho de tal, foi o querer haver o abraço prometido mas a vergonha fez-me retroceder. Não houve a vergonha de um abraço mas a vergonha do pensamento seguinte. Saber que havia algo que nos puxava para estarmos juntos recordou-me de todas as conversas, de todos os medos, de todas as realidades já vividas por ambos. 10 minutos, 10 minutos que pareceram horas, que pareceram não querer acabar. O sol brilhava atrás de ti, a relva reluzia, era sim o momento perfeito para algo que parecia um romance escrito pelo mais célebre dos escritores, foi o olhar para uma realidade ali tão perto de mim. Foi o sentir perfeição do meu lado. Sim, foi a realidade de submissão, foi o pensamento de te querer dar tudo no menor tempo possível. Não parei de pensar o resto da tarde no que se passara, não parei de pensar que tudo tivera sido um sonho, não parei de ouvir as músicas que me foram destinadas e que as lágrimas me puxaram ao olhar, foi o sentir que estavas no meu cérebro, foi o sentir que apesar da distância estavas do meu lado, foi o sentir o meu tocar no teu ombro e o haver um choque que como uma interligação me fez perceber o coração com batidas aceleradas, o ar custara mais a respirar. Foi um sentimento tão bom, como atrás descrito foi o acontecimento de um sentimento novo, como quem diz, "quando tinha 15 anos senti que nada podia acabar, que tudo era perfeito contigo do meu lado, aos 15 anos, parecias tudo". Foi a reestruturação do que já era meu, foi o melhorar de uma empatia.
Cristiano!