terça-feira, 3 de maio de 2011

Frases queimadas.


Houve o levantar de uma caneta e o início da escrita de uma literatura invulgar, quase que como se o vento levanta-se a mão ia escrevendo suavemente, com imagens tuas na mente, houve o sentido de escrever o que sentira, então escrevi letras, palavras, frases, tudo o que eu sentira estava ali a ficar exposto, qualquer ser humano podia arrancar-me aquele esboço da mão e ler, ler e gozar com a quantidade de sentimento que ali estava impresso, então no fim de escrever nada mais me ocorreu senão andar rapidamente até à lareira ali perto acesa, com a folha na mão deixei cai-la lentamente, deixei cair lentamente a folha como se ela gritasse um porquê de merecer tal castigo, revivi o teu olhar, o teu toque, o teu andar, tudo em míseros segundos, os segundos em que a chama consumia as frases, em que a folha ia ficando castanha, em que o fogo se tornara azul devido ao químico da tinta da caneta, revivi tudo e foi então nesse preciso momento que uma gota de água me caiu no braço, uma gota de água salgada que me escorrera pela face, deambulei pelo corredor afora agarrando-me ás paredes com medo de cair, de desfalecer, tamanha era a dor sentida naquele momento, chegando ao meu quarto cai repentinamente no conforto da minha cama, encolhi-me todo pondo os joelhos no peito quase como que uma armadura, a música tocava e as lágrimas iam caindo no ritmo certo, olhei para o tecto e fiquei hipnotizado, passado cerca de minutos, sentei-me no rebordo do meu colchão tagarelando a letra da música, levantei-me e comecei juntando novos passos a uma coreografia já antiga, quando havia o tempo de quedas era difícil levantar porque o pensamento passageiro era de fraqueza, era de não conseguir superar tal prova, mas levantei-me dançando no total 4 músicas, com o suor nos pés descalços e frios do chão cai fora de tempo e fiquei ali abismado a olhar o branco pintado do tecto e imaginei um fim que me consumiria, o fim que chegaria se não tomasse uma atitude, e até hoje sinto o choque de bater com a cabeça no chão porque a saudade não mata mas magoa, sinto-me como morto naquele local, sinto que o meu corpo continua adormecido banhado no suor!
CristianoMoura

1 comentário:

  1. Como sempre... escreve belas palavras...muitas saudades de conversar contigo meu amigo de portugal.
    PS: A espera de sentar a varanda e tomar um chá com alguém tão especial quanto vc meu caro Cristiano.
    bjs: Amáble Vieira.

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